As raças de cães braquicéfalos, raças braquicéfalas, são raças de focinho curto, ou focinho achatado. Pertencem a estes grupo raças como:
– Bulldog francês
– Bulldog inglês
– Boxer
– Pug
– Shih Tzu
– Pequinês
– Lhasa apso
– Boston terrier
– Bichon maltês
– Cavalier king Charles spaniel
– Dogue de Bordéus
– Cane Corso
– Chow Chow
Cães braquicefálicos: tudo o que precisa de saber
As raças braquicéfalas podem ser facilmente reconhecidas pelo focinho curto e achatado e, como consequência, apresentam narinas pequenas e vias aéreas mais pequenas. São raças que se tornaram muito populares nos últimos anos, devido ao seu aspeto patusco e bom carácter. Porém, antes de adquirir um destes cães, há várias coisas que deve saber para poder tomar uma decisão consciente e informada, nomeadamente que a reprodução de algumas destas raças foi, recentemente, proibida em alguns países europeus, por questões de bem-estar animal.
Como consequência dos seus focinhos achatados, as vias aéreas são mais curtas e estreitas, têm uma língua muito comprida, o seu palato mole é muito comprido e apresentam traqueias estreitas comparativamente aos cães ditos normais do mesmo tamanho. Tudo isto faz com que estes animais sofram de uma síndrome conhecida como Síndrome do Braquicéfalo, cuja gravidade varia de animal para animal, mas não é, ainda, muito reconhecida pelos tutores, que aceitam estes problemas como normais de acordo com as raças.
No dia-a-dia, são cães que ressonam muito, que se cansam mais facilmente, apresentando uma grande intolerância ao exercício e ao calor. O ressonar/roncar advém, principalmente, do tamanho do palato mole que, sendo muito longo, vibra com a passagem do ar produzindo o som que tão bem conhecemos. Esta vibração não é inofensiva – leva a que haja uma inflamação constante da zona e dificulta a respiração, havendo uma produção contínua de muco muito espesso. Quando falamos de intolerância ao exercício vemos que as raças braquicéfalas são mais propícias a não querer exercitar-se, demoram mais a recuperar quando são estimulados e são mais propensas a colapsar durante o exercício, mesmo com exercício leve. O culminar de tudo isto está na grave intolerância que estes animais têm ao calor – os cães utilizam uma estrutura chamada cornetos nasais para controlar a sua temperatura corporal, contudo, as raças braquicéfalas praticamente não têm estas estruturas, o que faz com que o controlo da sua temperatura seja muito mais difícil e os predisponha a golpes de calor, uma condição que põe em risco a sua vida.
As dificuldades respiratórias e em controlar a temperatura, levam a que estes cães arfem muito e, consequentemente, engulam grandes quantidades de ar. O ar dilata o estômago, estimula o vómito, irrita as suas paredes e leva ao desenvolvimento de gastrites. O vómito frequente inflama o esófago provocando esofagites e dificultando a alimentação. O refluxo gastroesofágico também é muito frequente e difícil de controlar.
Como se não fosse suficiente, este cães apresentam problemas dentários graves, devido à má conformação dos maxilares que leva a que tenham problemas em comer, sejam mais propensos a acumular tártaro e a ter dificuldade a alimentar-se. Decorrente desta má conformação, há uma exposição exagerada dos globos oculares, predispondo a problemas oculares como o olho seco, traumatismos oculares e infeções. As suas rugas cutâneas, que tanto nos fascinam, são pontos de acumulação humidade, o que estimula o crescimento bacteriano, de fungos e de leveduras às quais muitos destes animais são alérgicos.
Não estando necessariamente relacionado com o Síndrome de Braquicéfalo, mas sim às deformidades inerentes às raças, é muito frequente o desenvolvimento de problemas de coluna, principalmente de hérnias discais que advém da existência de hemivértebras que destabilizam a coluna vertebral.
Por último, e não menos importante, têm sido identificadas, cada vez com mais frequência, patologias cardíacas congénitas, muitas vezes não operáveis, principalmente em bulldogs.
Em jeito de resumo, estas raças estão muito alteradas pela seleção para as características que são mais atrativas para os tutores, mas não necessariamente as mais saudáveis, pelo que, antes de adquirir um destes animais, devemos, fazer uma decisão ponderada e escolher um criador responsável e certificado, minimizando assim os riscos de problemas que advém de uma reprodução não responsável.
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